Porta da Serra da Estrela e sede da Região de Turismo, esta é a terra da indústria da lã, berço de descobridores de quinhentos, hoje cosmopolita cidade universitária.

Na vertente sudeste da Serra da Estrela, a Covilhã (45.000 hab.) é um dos principais centros urbanos do interior do país. A cidade está localizada a 20 Km do ponto mais alto de Portugal Continental, a Torre ( 2.000 m) e o seu núcleo urbano estende-se entre os 450 e os 800 m de altitude. É uma urbe de características muito próprias desde há séculos, conjugando em simultâneo factos únicos na realidade portuguesa;

Há 800 anos aqui existe o trabalho da lã que hoje se reflecte principalmente em modernas unidades industriais, sendo a Covilhã um dos principais centros de lanifícios da Europa;

Era já na Idade Média uma das principais "vilas do reino", situação em seguida confirmada pelo facto de grandes figuras naturais da cidade ou dos arredores se terem tornado determinantes em todos os grandes descobrimentos dos sécs. XV e XVI: o avanço no Atlântico, o caminho marítimo para a Índia, as descobertas da América e do Brasil, a primeira viagem de circum-navegação da Terra.

A Covilhã encontra-se no centro de uma região onde se localizam 9 das 10 Aldeias Históricas portuguesas;

É a cidade mais próxima da estância de inverno onde se localizam as únicas pistas de esqui portuguesas e às quais se acede percorrendo espantosas paisagens de montanha;

É centro universitário e tecnológico onde se sedia a Universidade da Beira Interior que conta com cerca de 5.500 estudantes pertencentes a vários cursos superiores;

.Aos seus pés desenvolveu-se um riquíssimo e fértil vale de grandes aptidões frutícolas (cereja, pêssego, maçã, pêra) e vinícolas, a Cova da Beira. A Covilhã teve o primeiro foral em 1186 e desde aí e até ao presente manteve uma situação de extrema importância histórica, cultural e económica na vida de Portugal.

A Cidade dos Descobridores

Apesar de não ter mar, a Covilhã possui uma história ímpar como cidade ligada à grande epopeia portuguesa que, há 500 anos, soube dar outros "mundos ao mundo".

É espantoso pensar como uma mesma urbe foi mãe de tantos navegadores, exploradores, cientistas que revolucionaram a história da humanidade.

INFANTE D. HENRIQUE - O NAVEGADOR - O maior responsável do avanço de Portugal para os mares e para o mundo, recebeu do pai, o rei D. João I, o título de Senhor da Covilhã após a primeira grande acção africana, a tomada da cidade de Ceuta, em 1415. Depois desta conquista, a vida do Infante fala por si: tornou-se parte da história do mundo.

PÊRO DA COVILHÃ - PREPARADOR DA CHEGADA DE V. GAMA À ÍNDIA - A necessidade de atingir a Índia por mar, levou D. João II a conceber uma política de avanços sucessivos no mar. Na parte ocidental africana, o rei lançou Bartolomeu Dias que viria a dobrar o Cabo da Boa Esperança. No Índico, na costa oriental de África e na parte ocidental indiana, foi Pêro da Covilhã o explorador. A ele se devem as informações que permitiram a consequente certeira viagem de Vasco da Gama e a descoberta do caminho marítimo que transformou a história.

PEDRO ÁLVARES CABRAL, DESCOBRIDOR DO BRASIL - Era natural da vizinha vila de Belmonte, estendendo-se as enormes propriedades familiares à Covilhã. No ano de 1500, dirigiu uma frota de 13 navios naquela que deveria ser a segunda viagem à Índia. Antes porém, acabou por arribar à costa da Baía, no Brasil. A ele se deve, em primeira instância, o facto de o português ser hoje uma das línguas mais faladas no mundo.

MESTRE JOSÉ VIZINHO - A LATITUDE NOS MARES - O famoso Mestre José referido por Cristóvão Colombo que muito aprendeu dos seus conhecimentos astrológicos, era cosmógrafo e médico de D. João II. A grande invenção do séc. XV foi a descoberta da navegação astronómica com a consequente introdução de escalas de latitudes nas cartas de marear. A sistematização do método revelou como artífice do processo este grande judeu covilhanense. Estes estudos passaram a significar a liderança da técnica portuguesa do mar.

RUI FALEIRO - A LONGITUDE NOS MARES - Cosmógrafo covilhanense, nascido em finais do séc. XV, foi o principal organizador científico da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães em Sevilha. O conhecimento da longitude no mar era fundamental pois completava os métodos já conhecidos para determinar a latitude e permitir a localização das naus na superfície dos mares. Rui Faleiro foi o grande artífice da avaliação da longitude a partir do lugar de observador.

FRANCISCO FALEIRO - A DECLINAÇÃO MAGNÉTICA - Irmão de Rui, cosmógrafo, foi o autor da primeira exposição que inferia a declinação magnética do ângulo de duas sombras lançadas em vertical sobre o plano de horizonte, quando o sol atingisse alturas iguais antes e depois do meio-dia. Elaborou em Sevilha, 1535, o Tratado del Mundo y del Arte del Marear, cronologicamente a segunda obra do séc. XVI que desenvolve o estudo dos fenómenos do magnetismo terrestre.

A Cidade da Neve

De Dezembro a Abril. Um cenário espantoso de alvura cintilante para férias e fins-de-semana na neve, a esquiar e a sorrir.

Depois é pôr os esquis, alugar um trenó, dar um passeio a pé ou de bicicleta de montanha à volta do Lago Viriato, dos poios e dos cumes que sobem por entre panoramas impressionantes desde a Varanda dos Carqueijais até às Penhas da Saúde ou até ao local mais alto de Portugal Continental - a Torre, onde se situam as pistas de esqui com cinco telesquis que transportam 3.000 esquiadores/hora e dotadas com escola de esqui. Aqui, para uns, é o prazer há muito desejado de esquiar, por entre momentos de salutar desporto, evasão e bem-estar. Para outros é o reencontro com aventura das escaladas ou o sabor puro da montanha nos passeios a pé, nos salpicos da neve, no sorriso alegre das crianças e da vida em estado puro no cenário magnífico do Parque Natural da Serra da Estrela.

A Cidade da Animação

Principalmente devido ao facto de existir uma grande massa estudantil (cerca de 14.000 estudantes dos quais 5.500 universitários), a animação da vida social é verdadeiramente movimentada.

A noite vive-se em inúmeros bares e excelentes discotecas. Para além disso, os passeios são possíveis a cavalo, de balão, helicóptero ou jeep todo-o-terreno e podem mesmo alargar-se a uma corrida de Kart ou a uma aprendizagem de esqui. Estes serviços são prestados por diversos agentes turísticos locais.

No Centro das Aldeias Históricas

Em Portugal existem, definidas pelo estado, dez Aldeias Históricas.

Todas envolvidas num programa de recuperação, tornaram-se verdadeiras jóias da arquitectura medieval. A Covilhã situa-se precisamente no centro de uma área que inclui nove dessas Aldeias, facto que permite visitas globais a partir da cidade. As distâncias variam entre os 25 e os 100 Km, estando localizadas a Norte - Almeida, Linhares, Marialva, Castelo Rodrigo e Castelo Mendo, a Sul - Castelo Novo, Monsanto, Idanha-a-Velha e a Leste - Sortelha.
 

Da Covilhã à Torre

Pela subida e pela montanha mais íngreme, mais pura e mais espectacular, até chegar ao ponto mais alto de Portugal Continental.

A partir da Covilhã tem-se o acesso mais simples, mais curto e mais panorâmico à Torre e a todo o Maciço da Serra da Estrela. Para lá chegar sobe-se pela EN 339 que começa por passar pelo Parque Florestal da Covilhã, onde à direita há um miradouro sobre a cidade e as planuras da Cova da Beira e, à esquerda, o leito da ribeira da Degoldra, berço secular da indústria de lanifícios. O Parque Natural da Serra da Estrela começa no cruzamento para Rosa Negra e o Parque de Campismo do Peão antecede os miradouros das Portas dos Hermínios e da Varanda dos Carqueijais onde há um miradouro e um panorama imenso das terras de Portugal e Espanha.

A subida continua até às Penhas da Saúde, uma magnífica estância de férias em altitude, onde dá gosto passear junto ao Lago Viriato e que antecede os majestosos vales glaciários de Manteigas e de Unhais da Serra, vilas onde existem excelentes zonas termais. A caminho das pistas de esqui da Torre, admira-se a planura branca e suave da Nave de Santo António, rodeada pela grandiosidade dos Três Cântaros, em cujo sopé gira a estrada, atravessando túneis e acompanhando os morros de neve. Próximo do Covão do Boi encontra-se o monumento a Nossa Senhora da Estrela, esculpido em baixo-relevo no final dos anos 40 por António Duarte. Até chegar à Torre surge o topo do Cântaro Magro, à direita, antes do cruzamento que dá acesso ao local mais alto de Portugal Continental, cerca de 2.000 metros de altitude.

A Cidade Fábrica - 800 anos a trabalhar a lã

Poucos centros urbanos podem assumir uma actividade económica regular ao longo de oito séculos, mas é esse o caso da Covilhã e do trabalho dos lanifícios.

Como manufactura primeiro, como indústria depois, o certo é que ainda hoje a cidade é um dos principais centros europeus de produção de lanifícios. Actualmente, esta indústria produz por ano cerca de 40.000 Km de tecido, e é fornecedora de grandes marcas têxteis mundiais como a Hugo Boss, Armani, Zenga, Marks & Spencer, Yves St. Laurent, Calvin Klein e Christian Dior.

As duas ribeiras que descem da Serra da Estrela, Carpinteira e Degoldra, atravessam o núcleo urbano e estiveram na génese do desenvolvimento industrial. Elas forneciam a energia hidráulica que permitiam o laborar das fábricas. Junto a essas duas ribeiras deve hoje ser visto um admirável núcleo de arqueologia industrial, composto por dezenas de grandes edifícios. Nos dois locais são visíveis dezenas de antigas unidades, de entre as quais se referem a fábrica-escola fundada pelo Conde da Ericeira em 1681 junto à Carpinteira e a Real Fábrica dos Panos criada pelo Marquês de Pombal em 1763 junto à ribeira da Degoldra. Esta é agora a sede da Universidade da Beira Interior na qual se deve visitar o Museu de Lanifícios, já considerado um dos melhores núcleos museológicos desta indústria na Europa.

Mas o passado da Covilhã remonta ao princípio dos tempos, quando foi castro proto-histórico, abrigo de pastores lusitanos e fortaleza romana conhecida por Cava Juliana ou Silia Hermínia. Quem ergueu as muralhas do seu primitivo castelo foi D. Sancho I que em 1186 concedeu foral à Covilhã. E, mais tarde, foi D. Dinis que mandou construir as muralhas do admirável bairro medieval das Portas do Sol.